tag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post661307087431255791..comments2018-08-31T05:47:11.096-07:00Comments on Desafiando o Especismo: IGUALDADE SENCIENTE - parte 2Luciano Carlos Cunhahttp://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comBlogger9125tag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-44539787088984309622013-01-19T07:23:19.393-08:002013-01-19T07:23:19.393-08:00Oi Cney!
Eu é que agradeço pelas questões!
Publi...Oi Cney!<br /><br />Eu é que agradeço pelas questões!<br /><br />Publiquei ontem a parte 3 do "Igualdade senciente", e entro um pouco nas questões que você colocou. Acho que lá nesse novo post está mais claro do que do "sobre a importância da razão na ética". Se puder, dê uma lida depois e me diga o que achou. <br /><br />Abração!Luciano Carlos Cunhahttps://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-72818912284559935042013-01-19T05:54:36.209-08:002013-01-19T05:54:36.209-08:00Obrigado por dedicar seu tempo às minhas questões....Obrigado por dedicar seu tempo às minhas questões.<br /><br />Estou lendo "sobre a importancia da razão na ética", em relação a alguns meses atrás, agora me sinto mais capacitado para entender o texto.<br /><br />Muito interessante a idéia de que verdade e razão são inescapáveis, esse sempre é um fosso que podemos nos deparar quando alguém quer fugir de algo que o egoísmo "prescreve", o tipo de "argumento" que não se levanta quando seu interesse está sendo aprovado.<br /><br />Abraço.Cneyhttps://www.blogger.com/profile/14317800381665177423noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-7416058350210578772013-01-18T07:38:40.780-08:002013-01-18T07:38:40.780-08:00Resposta ao Cney, parte 4:
Agora que vi o link do...Resposta ao Cney, parte 4:<br /><br />Agora que vi o link do texto que você colocou. Tem um deslize na argumentação geral que visa dizer que é a ciência que pode dar respostas ao que devemos ou não fazer. Nesse exemplo, “Se você deseja que seu carro funcione bem, então você deve trocar o óleo regularmente.”, o imperativo é hipotético. Ou seja, o cara só vai ter razões para trocar o óleo se tiver o desejo que o carro funcione bem. Mas, a ciência não conseguiria dar uma resposta dizendo o que alguém deve querer (ela só consegue dizer o que alguém deve fazer para realizar um desejo). Ou seja, isso é o que chamamos de dever instrumental ("se queres isso, então faça isso", ou seja, "se queres tal fim, use tal meio").<br /><br />Mas, na ética, o que queremos saber é essencialmente o que desejar, que fins buscar, etc. A ciência não tem poder de responder isso. Apenas investigar o que é um bem e o que é um mal tem poder de dar essa resposta. Concordo com o autor do texto de que a objetividade da ética não depende da religião, mas discordo dele (pelas razões que expus) quando ele diz que são descrições empíricas que garantem essa objetividade.<br /><br />Enfim, penso que sim, existe uma lacuna entre o que é e o que deve ser, e a falácia naturalista é mesmo uma falácia. <br /><br />Escrevi mais detalhadamente sobre esse assunto nesse artigo: http://www.anda.jor.br/04/08/2011/sobre-a-importancia-da-razao-na-etica<br /><br />Abraço!Luciano Carlos Cunhahttps://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-65644904481237041022013-01-18T07:26:48.513-08:002013-01-18T07:26:48.513-08:00Resposta ao Cney parte 3:
Isso não quer dizer que...Resposta ao Cney parte 3:<br /><br />Isso não quer dizer que, na ética, não precisamos da ciência. Pelo contrário, precisamos da ciência para aplicar corretamente os princípios morais aos casos práticos. Por exemplo:<br /><br />(1) Não se deve causar dano a seres sencientes<br />(2) Este ser é senciente<br />(3) Logo, não se deve causar dano a esse ser<br /><br />Dependemos da ciência para descobrir se a premissa número 2 é verdadeira ou falsa. <br /><br />Mas, veja, a ciência não nos pode fornecer resposta alguma para a verdade/falsidade da premissa número 1 (já que ela é uma premissa valorativa, e não descritiva; e a função da ciência é descrever como o mundo é).<br /><br />Mas, independentemente disso, sabemos que a premissa número 1 é verdadeira porque todos sabemos <br />que danos são coisas ruins. Não é necessário ciência alguma para se saber isso (aliás, a ciência <br />não teria como dar a resposta para isso, já que a ciência descreve, e afirmar que danos são coisas ruins é fazer juízo de valor). Como somos seres sencientes, e, por isso, fazemos juízos de valor (valorizamos algumas coisas e desvalorizamos outras), então fica fácil entender por que danos e prejuízos são coisas ruins. <br /><br />Então, não há nenhuma dependência das descobertas da ciência para haver objetividade em ética (aliás, as descobertas da ciência não tem nada a ver com isso). <br /><br />Abraço e obrigado pela questão!Luciano Carlos Cunhahttps://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-88602436106225004172013-01-18T07:25:33.781-08:002013-01-18T07:25:33.781-08:00Resposta ao Cney parte 2:
A mesma coisa se dá com...Resposta ao Cney parte 2:<br /><br />A mesma coisa se dá com a ética. Não existem fatos morais que digam que o estupro é errado, mas nem por isso o estupro deixa de ser errado, objetivamente errado. A gente sabe que o estupro é errado devido às razões (não existem razões para se pensar que o estupro é algo bom, justificado), não aos fatos. Essas razões morais não descrevem sobre como o mundo é (fatos); ao invés, são fundadas em valores sobre como as coisas deveriam ser (o que é um bem, o que é um mal, etc.). A razão moral mais básica é a de que danos são um mal e benefícios são um bem. Note que assumir isso sobre danos/benefícios não é descrever um fato (não é como dizer "ele está sofrendo", uma descrição de fato), é fazer um juízo de valor (os termos "bem" e "mal" são adjetivos). Note que, ao dizer que fazer isso é fazer juízo de valor não implica que o juízo seja subjetivo (ou seja, que todo juízo desse tipo seria igualmente plausível). Pelo contrário, qualquer um que já experimentou, por exemplo, um sofrimento extremo, sabe que ele é um mal <br />intrínseco (só poderia ser um bem se conduzisse a outra coisa de valor positivo). Enfim, além desse juízo básico sobre o prejuízo ser um mal e benefício ser um bem, outras coisas (que dependem da lógica, e não dos fatos físicos) garantiriam a objetividade da ética (como vimos, a regra de tratar casos relevantemente similares de maneira similar, a regra de pegar apenas o que for relevante para responder a questão, etc.). Por exemplo, sabemos que o especismo é objetivamente errado porque a espécie de alguém não é relevante para se saber se alguém deve ser respeitado ou não (isso porque, alguém precisa de respeito porque é capaz de sofrer um mal, e a <br />espécie de alguém, se esse alguém é senciente, não influencia na sua capacidade de sofrer o mal).<br /><br />Se existisse uma esfera de fatos éticos empíricos, isso não garantiria objetividade nenhuma para a ética. Alguém poderia ainda perguntar, depois de saber que existe um fato no universo dizendo que estuprar é errado: "sim, mas, por que não devo estuprar?". Uma resposta plausível a essa pergunta só pode ser dada com uma razão moral (uma razão que baseia-se num juízo de valor, por exemplo, que sofrer é um mal - o que ninguém duvida quando se trata do próprio sofrimento pelo menos), não com fatos descritivos. Fatos podem garantir objetividade num domínio descritivo, mas eles não conseguiriam isso num domínio essencialmente normativo (apenas razões podem mostrar que a desigualdade e a injustiça são um mal, por exemplo). Quando alguém pergunta "por que devo fazer isso?", nenhuma descrição sobre como o mundo é poderia oferecer uma resposta; apenas razões <br />dizendo como o mundo deve ser.<br /><br />Então, respondendo à sua pergunta, não acredito que a ciência possa descobrir fatos morais porque não acredito que existam fatos morais. Isso não quer dizer que a ética não seja objetiva. O que garante a objetividade da ética são as razões. Sabemos que não devemos fazer certas coisas porque existem boas razões para não fazê-las (por exemplo, o mal que a vítima sofre é uma boa razão para não praticar o especismo, isso porque sofrimento e danos são coisas ruins, objetivamente ruins). <br />Luciano Carlos Cunhahttps://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-5585094974073697102013-01-18T07:21:14.705-08:002013-01-18T07:21:14.705-08:00Olá, Cney
Acho que a visão de que a objetividade ...Olá, Cney<br /><br />Acho que a visão de que a objetividade da ética depende da existência de fatos morais empíricos resulta de uma confusão. Como você já sabe, defendo que a ética é objetiva (ou seja, que existem coisas que todo mundo deve deixar de fazer, coisas que todo mundo deve fazer, coisas que é opcional fazer, etc.), mas não acredito que existam "fatos" morais. <br /><br />A idéia de que, para haver objetividade na ética, é preciso a existência de fatos morais vêm da idéia de que, para haver objetividade em uma área do pensamento, é necessário qu hajam fatos equivalentes sustentando essa objetividade. Essa visão toma como modelo a objetividade das ciências empíricas: testamos se uma afirmação científica é verdadeira ou falsa procurando por um fato físico equivalente no universo. Por exemplo, se digo que existem elefantes com asas, eu poderia provar que isso é verdadeiro se lhe mostrasse um elefante com asas. Contudo, pensar que a objetividade em outras áreas se dá da mesma maneira não só é um erro, como é auto-refutante. <br /><br />Na primeira parte desse artigo, expliquei porque essa visão (o factualismo) é auto-refutante: se tudo o que é verdadeiro precisa de um fato físico equivalente que torne tal coisa objetivamente verdadeira (tese do factualismo), onde está o fato físico que comprova a tese do factualismo? Obviamente, ele não existe, porque o factualismo não é uma tese empírica, é uma tese filosófica.<br /><br />A objetividade da matemática, por exemplo, não é dada por fatos. Não existe um fato físico que diga que 2+2 é 4. Você pode até dizer que, se você juntar duas coisas (tijolos, por exemplo) mais duas coisas dará quatro coisas. Mas, um raciocínio empírico desse tipo nunca poderá provar que 2+2 dá sempre quatro (prova apenas que, naquela vez, deu quatro). O que prova que 2+2 dá sempre 4 é a própria definição do conceito de número e da idéia de adição (que são conceitos objetivos que não dependem da existência de fatos físicos para serem objetivos).<br /><br /><br /><br /><br />Luciano Carlos Cunhahttps://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-58464190774087142502013-01-18T05:46:52.136-08:002013-01-18T05:46:52.136-08:00Oi Luciano, muito obrigado por responder.
Vou ler ...Oi Luciano, muito obrigado por responder.<br />Vou ler com mais calma hoje.<br /><br />Você acredita que fatos morais são empiricamente detectáveis pela ciência?<br />fonte: goo.gl/g7P3b<br /><br />Abraço.Cneyhttps://www.blogger.com/profile/14317800381665177423noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-89345977254061948962013-01-17T16:22:07.897-08:002013-01-17T16:22:07.897-08:00Oi Cney!
A falácia naturalista acontece apenas qu...Oi Cney!<br /><br />A falácia naturalista acontece apenas quando se deriva o valor do fato. Em todo juízo moral, contudo, aplicamos um juízo de valor a fatos empíricos. <br /><br />Pegando o exemplo que você deu, assim seria falácia naturalista:<br /><br />(1) Esterilizar equipamentos cirúrgicos traz benefícios<br />(2) Logo, devemos buscar benefícios e evitar malefícios.<br /><br />Nesse caso, isso é uma falácia porque, embora a premissa 1 seja verdadeira, pensa-se que é o fato físico que sustenta a conclusão que é um "deve".<br /><br />Assim não é falácia naturalista:<br /><br />(1) Devemos fazer o que trouxer benefícios <br />(2) Esterilizar equipamentos cirúrgicos traz benefícios<br />(3) Logo, devemos esterilizar equipamentos cirúrgicos.<br /><br />Não é falácia naturalista porque o que sustenta a conclusão que é um "deve" é a premissa de valor (a premissa número 1), e não a premissa número 2.<br /><br />Assim também não é falácia naturalista: <br /><br />(1) Esterilizar equipamentos cirúrgicos traz benefícios<br />(2) Logo, devemos esterilizar equipamentos cirúrgicos.<br /><br />O que acontece nesse caso é que a premissa de valor está oculta, mas é ela que dá sustentação à conclusão. <br /><br />Assim, isso aqui também não é falácia naturalista: <br /><br />(1) O sofrimento é um mal (premissa de valor)<br />(2) Predação causa sofrimento (premissa descritiva)<br />(3) Logo, a predação é um mal (conclusão de valor)<br /><br />ou, alternativamente:<br /><br />(1) Devemos tentar minimizar danos, independentemente da fonte causadora dos danos<br />(2) Os animais silvestres padecem de danos causados naturalmente (predação, inanicação, parasitismo, etc.)<br />(3) Logo, devemos tentar minimizar os danos naturais sobre os animais silvestres.<br /><br />Não há falácia naturalista nesse caso, porque o que sustenta a conclusão que é um "deve" é a premissa número 1, que é um valor. Esse valor não surge da premissa descritiva. Ao invés, é a premissa descritiva que é analisada à luz do valor, e a conclusão prática é sustentada pela premissa de valor, não pela premissa descritiva.<br /><br />Agora, assim com certeza é falácia naturalista:<br /><br />(1) No mundo, o mais forte sempre subjulgou o mais fraco<br />(2) Logo, está justificado o mais forte subjulgar o mais fraco.<br /><br />Isso é uma falácia naturalista porque a premissa da qual se parte para tirar a conclusão é uma mera descrição. Alguém teria de provar, de outra forma, para esse argumento fazer sentido, que é certo o mais forte subjulgar o mais fraco. Dizer que isso sempre aconteceu não dá essa prova (isso é relatar um fato).<br /><br />Abraço!Luciano Carlos Cunhahttps://www.blogger.com/profile/11543323145219198300noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1743587667987089964.post-16006496621646498532013-01-17T08:59:34.791-08:002013-01-17T08:59:34.791-08:00Oi Luciano.
Esses textos estão sendo bem úteis pa...Oi Luciano.<br /><br />Esses textos estão sendo bem úteis para eu rever alguns conceitos meio nebulosos.<br /><br />Tenho uma dúvida. <br />Quanto à falácia naturalista(derivar um "deve" a partir de um "é"), nós não fazemos isso constantemente? A ciência é capaz de revelar fatos objetivos como esterilizar equipamentos cirúrgicos traz benefícios, comprovar a senciência dos animais, apedrejar mulheres não beneficia a sociedade. A partir desses fatos("é") nós deduzimos uma porção de "deves", portanto onde residiria a falácia naturalista nesses casos?<br />Existe um exemplo bem claro onde não se obtêm um "deve" de um "é" que é o caso de animais carnívoros se alimentando e o humano tentando se justificar na predação selvagem. Me parece que em alguns casos a guilhotina funciona e em outros não, poderia esclarecer esse ponto?<br /><br />Obrigado.Cneyhttps://www.blogger.com/profile/14317800381665177423noreply@blogger.com